Peguei no sono no ônibus indo de Lisboa a Leiria, mas por sorte acordei alguns minutos antes de chegar. Vendo a paisagem, avistei de longe um monumento que me parecia um castelo. Achei interessantes os detalhes nas paredes e o estilo que foi construído e comecei a olhar pelas redondezas para ver se encontrava alguma placa com o nome daquele lugar. Quando pensei que fôssemos passar direto, o ônibus entrou na pequena cidade deixar um passageiro e passou bem próximo ao ‘castelo’. Foi aí que vi muitas placas com a palavra ‘batalha’. Pensei: Batalha deve ser nome de um parque ou de um bairro qualquer por aqui.
Quando voltamos de Praia de Paredes, perguntei ao Davi o que era aquele ‘castelo’ que vi a poucos minutos de chegar a Leiria.
Ele disse: ‘Ah, é o Mosteiro da Batalha! Queres conhecer? Amanhã a gente vai lá.’
Combinado. Levantei da cama às 8h, pensando que iria sair de casa bem cedinho. Mas o povo não acordou até umas 10. Almoçamos então e partimos em seguida.
O nome da cidade é Batalha mesmo, um pequeno município vizinho de Leiria, porém dentro do mesmo distrito, Leiria. O monumento bonito se chama Mosteiro da Batalha, ou Mosteiro de Santa Maria da Vitória. O mosteiro foi construído a mando de D. João I, em cumprimento da promessa que fez caso vencesse o exército Castelhano na Batalha de Aljubarrota em agosto de 1385.
A Batalha de Aljubarrota foi disputada em Agosto de 1385 pelos Portugueses com aliados Ingleses contra os Castelhanos, aliados aos soldados de Aragon e da França. O resultado da batalha foi a vitória dos Portugueses, e então D. João I foi consolidado como Rei de Portugal. Por conta disso, os laços diplomáticos entre os Portugueses e os Ingleses foram reforçados com o Tratado de Windsor e D. João I casou-se com a D. Felipa de Lencastre – na época uma princesa Inglesa.
- Mas por quê tanta história? Por quê não vás direto ao assunto?
Para transmitir um pouco de conhecimento e cultura aos leitores, ora. Porque além do mosteiro propriamente dito, o Mosteiro de Batalha também guarda os restos mortais de D. João I e sua família na Capela do Fundador - panteão da família real da Dinastia de Avis.
Como podem ver pelas fotos, o mosteiro é um exemplo da arquitetura gótica tardia portuguesa, ou estilo Manuelino, influenciados por dois grandes arquitetos: O português Afonso Domingues e o catalão Huget. O mosteiro foi construído em 1386 e só foi concluído em 1517, além de ter passado por obras de restauração, passando por cinco gerações desde D. João I. O Mosteiro da Batalha foi classificado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983.
O dia estava bonito, céu bem azul e sem nenhuma núvem. Esta é a varanda da frente do mosteiro, com janelas no estilo gótico.
Pórtico da Porta de Mateus Fernandes - Entrada principal. Notem os pequenos detalhes esculpidos com os apóstolos, anjos e santos.
Túmulo de Mateus Fernandes - um dos arquitetos do mosteiro, enterrado com a sua esposa.
Capela do Fundador- Túmulo com as estátuas de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, no centro da capela.
Túmulo de D. Henrique, o navegador.
Detalhe lateral dos túmulos
Vitral da parte interior da igreja.
Estátua de D. Nuno Álvares Pereira
Do lado de fora do mosteiro, haviam lojas de souvenires. Lá tinha várias lembrancinhas, só que uma coisa que me chamou a atenção foram as bolsas e carteiras feitos de rolha - ou cortiça. Cortiça é o material feito da casca do sobreiro, uma árvore da família do carvalho e bastante comum em Portugal, que faz jus como maior produtor de cortiça do mundo.
Jamais pensaria que poderiam inventar algo com cortiça além de rolhas para garrafa. A superfície lisa e texturada das folhas de cortiça lembra um couro macio, com estampas iguais aos que a gente vê nas rolhas. Muito bonito e original, por sinal.
O sol estava ainda brilhando às 20h. É, ainda era verão. Me levaram para conhecer o Leiria Shopping, onde divido com todos um delicioso waffle com sorvete. Yum!
As viagens do chinês pelo mundo afora
domingo, 5 de setembro de 2010
Batalha
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário