domingo, 31 de janeiro de 2010

Meinong (2/2)

Saindo de Meinong, demos uma parada na fábrica de açúcar de Taiwan (台糖) para tomar sorvete. O estacionamento estava cheio, e eu achava que o lugar iria estar insuportável. Mas para a minha surpresa, estava até bonzinho. A fila para comprar sorvete estava pequena, e cada um pegou de um sabor diferente para provar. Tinha sorvete até de cachaça..
Neste dia estava tendo um evento e haviam barracas de vários tipos de comida. Tinha até huo guo (cozido chinês) por NT$ 100 (R$ 6,50), comida à vontade. Com certeza não deve ser tão abundante quanto o que comemos em Taoyuan, mas valia a pena.
Visitamos um estande que vendia pipoca. Pipoca? E daí? Sim, pipoca. Mas ao invés de pipoqueira, eles usam uma panela gigante, um massarico com uma labareda monstruosa e uma pá de pedreiro. Tudo exagerado. E o cara que mexe usa EPI completo, com direito a máscara protetora de face e tudo mais. Começa assim:

Primeiro, acende o fogo bem alto e coloca açúcar com óleo.

Depois, coloca o milho.

Depois, mexe mexe mexe mexe mexe..

Depois, sai de perto que o negócio tá brabo!

Sai pipoca voando para todo lado, só não voa mais porque o cara fica mexendo o tempo todo e a panela é alta.

Quando tiver tudo pipocado, ele despeja numa peneira para separar os grãos que não estouraram.

Chacoalha mais um pouco..

E abana com o leque do Christian Pior para esfriar logo.

O resultado? Pipocas docinhas, crocantes e.. redondas.

Isso mesmo, redondas. Mas por quê? Ah, o segredo está no milho. É um milho especial, de ouro, né! Ah, e é importado dos EUA. :P

Aqui temos a geléia real, alimento das abelhas-rainhas. Não sabia que eram extraídos dessa maneira, achava que era mais translúcido.


Antigamente, havia passeios de trenzinho por dentro da fábrica de açúcar, porém a fábrica também foi atingida pela enchente '88' e paralisou as atividades. Pelo menos deu pra tirar uma foto com o trenzinho do lado de fora, que antigamente levava a cana dos canaviais para a fábrica e agora serve de museu.
Bem melhor que transportá-los naqueles caminhões imensos fazendo buracos ao longo da pista, além de atrapalhar o trânsito nas estradas e sujar a pista toda de cana né?

Voltamos para Kaohsiung à noite, e no dia seguinte preparados para viajar para Taichung.

Vou aproveitar que este post é pequeno para postar algumas fotos tiradas nos dias anteriores perdidas por aí.

Tande na estação de trem

Aprendendo a comer macarrão igual a chinês


Máquinas de bala que vendem de tudo - brinquedos, bolas, quebra-cabeças, bonecos, chaveiros, etc - menos de bala.


Tem loja que é só isso. Dentro, fora.. E sempre cheio de gente curiosa (eu!).

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Meinong (1/2)

Saindo do templo budista, pegamos um ônibus que nos levou até Chishan (旗山), uma cidade ao lado de Meinong. Íamos ficar na casa de Rosita, uma amiga da minha mãe. É, ela é brasileira sim, de Recife e a gente a conhece há anos.

O marido da Rosita foi nos buscar na rodoviária de Chisan, e nos levou até a casa deles. No caminho, nos mostrou a ponte sendo reconstruída e a destruição causada pelas enchentes no dia 8/8/2009, apelidado pelos chineses de 'enchente 88' (八八水災). Coincidentemente, dia 8 de agosto é o dia dos pais na China. Ele disse que em Chishan a água cobriu o térreo das casas, e as pessoas que não tiveram outro andar acima morreram afogadas. Na casa dele, a água atingiu quase 2 metros de altura.

A chegada na casa foi uma festa. Ela [Rosita] não nos via há 15 anos, quando logo chegou em Taiwan. E ficou doida com os produtos brasileiros que trouxemos - charque, cuscuz e café. (É, somos felizes e não sabemos - só damos valor às coisas simples quando sentimos sua falta.)
Naquela noite, comemos novamente o cozido chinês juntamente com alguns convidados, a maioria deles chineses que moram (ou já moraram) no Brasil. Desta vez, um tacho grande ficava no meio da mesa, ao invés das panelas individuais. É a maneira tradicional de fazer huo guo, com todos ao redor da mesa.

Rosita tem um passarinho branco em casa, que se chama Shiao Bai (小白) , ou "branquinho". Ele vive solto dentro da casa e canta quando o tio (marido da Rosita) mexe os dedos. Muito safado!

Depois do jantar, hora de dar uma volta e fazer digestão. Andamos pela avenida principal (não muito longa) até um local que vendia chá de pérolas (珍珠奶茶) - chá preto com leite e sagu (bolinhas feito de mandioca). Ao lado da vendinha tinha uma barraca de frutas, e me espantei com o tamanho da pinha.


Fiquei tão curioso que levei dois pra casa. Pensei: Será que é doce mesmo? Grande desse jeito, no mínimo deve ter muita água!

No dia seguinte, a primeira coisa que fiz no café da manhã foi partí-la ao meio.

Que aguado que nada, a pinha era doce igual açúcar! Tão doce que chegaria a enjoar se comesse demais. As sementes são grandes e fáceis de tirar. Foi praticamente o meu café da manhã. Humm... Pena que não tem desses no Brasil.

Anão e Yato acordaram com mal-estar, provavelmente por causa do jantar. Devem ter comido algo que não foi bem cozido, e estavam se acabando pelos fundos. Perguntei se eles queriam sair com a gente, e eles preferiam ficar deitados. Então fomos passear eu, Tande, Rosita e o tio.

Meinong é uma pequena cidade rural do interior, com muitas plantações de arroz, banana, tabaco e arroz. Quando próximos do ano novo chinês, os cosmos - plantas usadas para a produção de fertilizantes - florescem, criando uma paisagem muito bonita. A maioria da população do vilarejo é composta por gente da etnia Hakka, um povo com as raízes no sudeste da China e que imigraram para Taiwan há 200 anos. Eles têm cultura e costumes próprios, inclusive o próprio dialeto - a língua Hakka. Depois irei escrever um post exclusivamente sobre os dialetos chineses.

Chega de explicações, agora vamos ao que interessa. Chegamos a um campo de cosmos, aquela planta utilizada para fazer fertilizantes.

Bonitas, né? Também achei. E elas são separadas por cor, tem brancas, rosas, vermelhas, amarelas.. Um espetáculo!



Ao lado da plantação havia uma vendedora de água de côco, e ela tinha um galo muito especial. Ele é um galo japonês de 17 anos e vive ao lado da dona. Muito manso, posa para foto e tudo! A dona se amarra tanto nele que já recusou a oferta de NT$ 50,000 (R$ 3100) que deram uma vez nele.


De lá, fomos até o Lago Chung Cheng (中正湖), o maior da região.

Durante os fins de semana o pessoal vai lá para pescar e caminhar, e a vista é bonita também. Tem até um mirante no meio. O lago estáva seco quando a gente foi, então não estava tão bonito quanto estaria normalmente.

Tinha muita gente pescando, com as mais variadas iscas artificiais possíveis. Tinha desde rato, insetos e até minhocas. Haja criatividade! (E o pior é que eles pegavam mesmo..)



Mais na frente, plantações de arroz.

Arroz..

E mais arroz! Estas são mudas de arroz, prontas para serem plantadas.

Plantação de inhame - eles são cultivados alagados. Ao fundo, côcos.

Tabaco

Espantalho. Estes cosmos ainda não floraram, provavelmente irão na próxima semana.

E mais arroz.

Antigamente, as mudas de arroz eram enfiadas a mão na lama, um a um. Hoje, isso é feito por máquinas. Esta máquina está preparando o solo para o plantio.

Ele nivela a lama para que as mudas possam ser plantadas de forma ordenada.

Fomos também ao Centro Cultural Hakka conhecer um pouco a cultura deles. Afinal de contas, a família do meu pai também é Hakka e eu acho que deveria conhecer um pouco mais sobre a cultura deste 50% de mim.

Pátio principal

Cestas, balaios e manzuás - armadilhas para camarões e lagostas, feitos há décadas. Incrível como apesar da distância é bem parecido com o que o pessoal utiliza no Brasil..

Vilas Hakka

Roupas para trabalhar no campo

Cidade de Meinong na década de 50

Torre para queimar papel

Casa de família Hakka

Os Hakkas têm costume de ter quintais com bastante água, lotus e alguns peixes.
Típico laguinho estilo Hakka

Antes de voltar para casa, visitamos a torre que fica no meio da cidade, aquela desenhada no quadro de Meinong na década de 50 (4 fotos acima). Ela foi erguida para defender a cidade contra invasores, e ainda está em pé. É um dos principais pontos turísticos de Meinong, e muita gente vêm à cidade para retratá-la em pinturas a óleo.

Voltamos para casa e buscar os outros para almoçar. Fomos almoçar num pequeno restaurante tailandês.

Este é o Hey Song Sarsaparilla, um refrigerante de Taiwan com sabor bem peculiar, parecido com menta. Em inglês é chamado de 'root beer'. No Brasil só é vendido na Liberdade, em São Paulo.

Depois do almoço, fomos levar Yato e Anão para conhecer os cosmos, já que eles passaram a manhã em casa. Eles também se divertiram com o galinho.


Esta é a Rosita e a sua neta.

Veja como o furador de côco aqui é Hi-Tech:


Antes de ir embora, fomos a um terminal turístico onde vendiam produtos típicos da cidade.

Bolinho de arroz doce com recheio de amendoim e gergelim

Moenda de arroz

Casa típica Hakka

Chafariz

Queda d'água

Estas são miniaturas de quedas d'água, vêm com motor e tudo mais.

Sombrinhas artesanais feitas de papel a óleo - eles são mesmo à prova d'água!

Massageadores de diversos tipos tamanhos, para diferentes fins



Tamancos artesanais


Comprei algumas lembrancinhas, mas a vontade era de levar muito mais. Já era 15h, hora de ir para a fábrica de açúcar.

Bomba d'água


Ufa! Que post grande, já estou escrevendo há duas horas. Fui!

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