quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Navio Chinês

Mais uma vez, demorei a postar. Bem, a história é longa...

Sábado o Comandante Abílio me convidou a visitar um navio chinês que estava fundeado próximo daqui, em Icoaraci, já que enchi tanto o saco dele. As aulas terminaram ao meio dia, e após o término fui com o Mestre de carro. Ao chegar no trapiche, olha só quem encontro no Po-Po-Po! Chucha e Karen.


Eles estavam indo para Cotijuba, uma ilha que fica a cerca de meia hora de barco de Icoaraci.
A gente esperou a lancha, que nos transportara ao navio a cerca de 1km do pier. Adivinha quanto o navio paga por dia para a lancha ficar a disposição? 1000 dólares. Só...

Say "Cheese"!

Navio ao fundo, bem pequeno ainda..

Chegamos ao navio, e conversei com a tripulação em chinês. O navio é um graneleiro que estava vindo dos Estados Unidos carregar bauxita no porto de Vila do Conde, mas encalhou na Barra Norte, próximo a Macapá, por conta de erro na carta de navegação. O Mestre Abílio participou da manobra de desencalhe, que durou cerca de duas semanas. Era um navio de médio porte, com cerca de 120m de comprimento. Todos os oficiais eram de Taiwan, assim como o registro e a Bandeira. Ficaram impressionados com a minha fluência, já que nasci e cresci no Brasil. Tomei Coca-Cola do Egito, e aprendi alguns termos técnicos em chinês que não sabia antes.



Percorri o convés para tirar fotos, mas a maioria da tripulação estavam ou descansando ou envolvidos na manutenção da máquina, então o navio estava praticamente vazio. Também comecei a achar que estava enjoando de navios, pois já sabia onde tudo se localizava e não tinha mais graça explorar os compartimentos.
Voltei à sala de reuniões, onde estava o Comandante do navio; o Superintendente Chang, que a empresa o enviou para cá resolver o problema do navio; o Comandante Abílio, inspetor da China Classification Society (CCS); o inspetor da American Bureau of Shipping (ABS); e o Roger, agente da Brazshipping.
Conversamos um pouco, e ao sair, deixei o meu telefone com o Comandante para que eles me ligassem caso eles necessitarem de intérprete.

Voltando à terra..

Como eram 15:30 e ainda não havíamos almoçado, o Mestre comprou peixe fresco e me convidou para almoçar. Convidou logo quem? Eu! Cara de pau, topei na hora.
Buscamos a Tati Baleia, que ia terminar a monografia e fomos à casa do Mestre.
O Mestre tem um cachorro, chamado Apolo. "Que raça?" perguntei. "Royal Street Dog", respondeu o mestre, no meio de gargalhadas. O peixe estava tão bom, só faltava o açaí e uma rede para deitar depois.


Bem, isso era pra ter terminado no post de sábado.. Porém continua com a história de hoje:

Ontem de manhã, o Sr. Chang (Superintendente do navio) me ligou pedindo para que eu traduzisse o que o mecânico estava querendo dizer. Após isso, pediu para que eu comparecesse à oficina para ser intérprete. Como não tinha aula à tarde, concordei em ir.
Cheguei lá às 15:00 e fiquei traduzindo até às 18:00. Lá, conheci o Mestre de Manutenção, o Sr. Chen. As peças estavam tortas e os mecânicos tentavam desempenar na prensa. Estava uma confusão, o chinês fazendo mímicas, tentando se comunicar com o mecânico e vice-versa. Pedi para os chineses ficarem calmos, porque não adiantava ficar gritando que não iriam resolver nada. E pedi também aos mecânicos que relevassem os gritos dos chineses porque as culturas são diferentes, e eles costumam falar assim mesmo. Falei para eles que eles estavam sob constante pressão, e que cada dia que o navio fica em off hire custa para a empresa US$ 60,000. Bem, no final, o Sr. Chang me disse: "Obrigado pela ajuda. Se não fosse por você, não iria conseguir fazer nada. O meu emprego está condicionado ao reparo do navio."
Eu agradeci, e ele me convidou para jantar. Aceitei.

Ele me disse que estava precisando comprar meias e cuecas, pois a mala dele estava no navio e ele estava com preguiça de ir até o navio, pois o amigo dele iria chegar no mesmo dia à noite e ele iria o buscar no aeroporto.

Mostrei a ele o Mercado Ver-o-Peso, fomos ao Shopping, e o levei para as Lojas Americanas, onde comprou suas meias e cuecas. Terminado, fomos jantar na Praça de Alimentação. Ele disse que já estava a quase uma semana em Belém e nunca havia saído do trajeto Hotel-Navio-Oficina. Ele me deu um cartão de visita dele, para que quando eu fosse em Taiwan para visitá-lo.
Ao terminar o prato, perguntei a ele:

- E a respeito do pagamento referente à tradução, como vai ser? A empresa é quem vai pagar?

Nisso, ele parecia transformar em outra pessoa. O sorriso desapareceu.

- Este serviço que você me prestou é pela amizade. Você sabe como são as coisas entre Chineses. Mas se o que você quer mesmo é o dinheiro, então passe no navio e peça ao Comandante, que eu assino o recibo. Mas eu não vou mais ser o seu amigo.

- Eu tenho meus gastos, meu tempo. Deixei de fazer as minhas obrigações para traduzir algo muito importante para você. Cada dia que o navio fica parado, a empresa perde 60.000 dólares. Estou ajudando a economizar tempo. O que significa este pequeno custo ao lado desse montante de prejuízo?

- Eu não quero mais saber. Se você quer o dinheiro mesmo, vá ao navio pegar.

- Então você não vai mais precisar de mim amanhã, né?

- Não. E me devolva o cartão de visita, porque você não é mais meu amigo.

- Tudo bem, não faço questão mesmo.. Até logo.

E fui embora. Quanta cara-de-pau... O sujeito me suga durante 3 horas, eu traduzindo o tempo todo enquanto ele fica na boa, e ainda pensa que vai sair de graça, me comprando com um mero jantar!! Hahaha... Esse cara tá pensando que Brasileiro é otário, que pode pisar à vontade e fazer de palhaço. Liguei para o Roger, agente do navio, e ele me disse, indignado: "Olha, Wei. Ouça bem o que vou lhe dizer. Amanhã esse cara vai ficar na merda, porque não existe NINGUÉM aqui em Belém que faça o que você faz. Anote só a hora que ele vai te ligar. Se ele não beijar os seus pés, vai chegar bem perto! Pode ficar sossegado e dormir tranquilo.
Eu fiquei meio na dúvida se ele iria me ligar mesmo, pois havia deixado tudo mastigado com os mecânicos, dizendo a eles o que tinha que ser feito no dia seguinte.

Dito e feito. 9:30 - estava fazendo a prova do Comandante Abílio quando o meu celular toca. Adivinha quem? Chang Navio. Pedi pro professor atender, e ele disse: "Hello, this is Master Abilio. Mr. Wei is taking a very hard test. Call back later in 2 hours!" E desligou. Bem feito.
A moça da oficina me ligou, desesperada, pois não estavam conseguindo se comunicar com o Chen. De novo, disse que estava fazendo prova e desliguei.
Mais tarde, ligam da oficina novamente e pedem para eu ajudar a traduzir o que o Chen queria falar. Eu disse que nao iria fazer nada, pois o Chang não queria me pagar ontem. Ela disse que o Chang estava desesperado, que iria pagar, falando em "Money, money". Na mesma hora, o Comandante do navio me liga. "Mr. Wei, aqui é o Capitão do Navio Hsin Ho. Tudo bem? Olha, desculpa pelo fato de ontem, pois o Sr. Chang não tem idéia do que está acontecendo. A gente está perdendo muito tempo, e tempo é dinheiro. Queremos que você trabalhe para nós, e iremos lhe pagar, não se preocupe."
Eu disse que eu tinha meu preço, e fechei contrato com ele. Pronto. Agora sim, volto a trabalhar.
Detalhe - Nunca havia me sentido tão gostoso na minha vida.. Hehehe!!

O Mestre Chen me ligou da oficina, dizendo para eu ir almoçar com ele no hotel e depois ir junto para a oficina. Como eu havia combinado com a proprietária da oficina que iria levar uns colegas para conhecer as instalações, ele concordou em eu levá-los ao hotel para almoçarmos juntos.


Chegamos na oficina e o Mestre já foi colocando a mão na massa. Ele se garante muito. Aos 59 anos, consegue colocar muito marmanjo de 20 e poucos anos no chão. Não espera os mecânicos, ele mesmo faz logo, dando exemplo. Hoje o trabalho foi mais "light", em relação a ontem. O Val e a Socorro aprenderam várias coisas no pouco tempo que ficaram, e o Edson e Zé Lima chegaram mais tarde. Como o inspetor da ABS fica cheio de frescuras, o Mestre caprichou nos detalhes, para que tudo fique em ordem. Caso o inspetor reprovasse o serviço, o navio estaria condenado e a empresa de seguro não irá cobrir o navio, caso aconteça algo no trajeto.

Solda

Cilindro da Máquina do Leme

Tentando raspar alguma coisa...

Todos gostaram da experiência, e amanhã será feita a parte final. Tomara que levem o contrato para eu assinar também. Pelo menos o mais importante foi feito, agora estou mais tranqüilo...

Beijos na bunda!!!

3 comentários:

Anônimo disse...

no cocacola, no more power!

Tom Kentele disse...

Esse É o meu garoto!! Muito bem Wei!! Tem de cobrar mesmo!!! Com esse dinheiro agora vc vai vir pra cá!!!!!!!!!

Saudades Rapaz!!

Volte Logo!!!

Abraços,
Tom

Anônimo disse...

q chines pilantra!...
ta tentando ser mais safo do q o chines safado!
eu heim... sim ... resumindo eles pagaraum todas as horas de traducao e os favores sexuais q vc prestou?

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